A RUA DA MINHA INFÂNCIA
Lá longe escuto um grito:
“Ó Silviiiiiinooooo!”
Ecoa fundo em meus ouvidos
E vejo de novo aquela rua.
“Mãe!” “Que foi menino?”
“Vou brincar na rua do Silvino!”
“Já fez o dever de casa?”
“Vê lá e não se atrasa!”
A Pinga era a cachorra
Da minha infância querida.
Era cachorra quieta,
Mas no Batata lascou uma mordida.
Trepada ficava no muro
Como outro cão nunca vi.
Passando ali de bobeira
Zé Batata ficou sem orelha.
A “Rua dos Cataventos”
Da infância de Mário Quintana
Estava eu deitado lendo
Sonhando com minha rua também.
As ruas naqueles tempos
Não tinham seus nomes próprios,
Tinham os nomes dos colegas
Das peladas e dos imbróglios.
Foi bom lembrar, foi bom...
Ai Quintana, que danado,
Seu poema iluminou meu passado,
Obrigado, obrigado, obrigado...