AMOR ETERNO NÃO MORRE

Vejo na lua o rosto dela

Aproveito a noite

Estrelas brilham e sorriem pra mim...

Quando sinto a brisa da boemia

Sinto sua linda poesia

Nos bêbados dos bares

Nas castanholas estrelas

E vejo que sou parte desta cria

Só de tê-la presente

Meu coração sorri leva tudo pelos ares

Só de tê-la presente

Sinto que a saudade me colore

A boemia minha é na busca por ela

Um beijo que se cizatriza de luz

Sinto nela todas as aquarelas

Fugidias da noite

Sinto-me curvado pelo cruzeiro do sul

Sinto que meu amor pertence

E esta bela flor amarela

Sinto falta dela onde estou

Sinto o meu coração sem razão de bater

Sem ritmo, sem ela o samba descorou

Entristece-se sem sambar sem reverberar

Sêm tê-la pra amar dá volta em círculos sem raíz

Como um perú dançando sua última despedida

Como o último tango em Paris

Na corda bamba bombeava seu doce licor

A ave ferida se ensangüentou no amor

Morava dentro de mim e voou

Deixando pistas que viraram ferrugens

Como nuvens viraram visagens no céu

Perco-me no mundo sem paisagens

Sem ela não há por do sol no meu leito

O sol morreu no meu peito

A escuridão me absorveu

Meu jazz virou cinza sem movimento

Ensurdeceu-se da cadencia sexual ensimesmou-se

Desenamorou-se se desmoronou perdeu-se no ar

Do balanço só a saudade cismou-se em ficar

Te amo como amo a vida a rimar sem rimas pra doar...

O momento é poético

Estético como uma telinha do confessionário

Em que o pecador é sempre o réu confesso

E limpa suas asas na compaixão divina

Um chapéu de boemia na cabeça se alinha

Um elo com a dicotomia faz-me crer

Entre o ser etéreo que voa no teu ser

Volita o álcool onde a poetisa pensa existir

Fortalece-se na imagem do elixir...

Sou um sonhador segurando teu coração que voa

Sou a canção que te espera debaixo do cobertor

Sou a paz que só no encontro na pupila de teus olhos

Faz a vida acontecer... Perdoa-me por não mais te olhar

Ninguém sabe o que é paixão até acontecer

A pupila é uma semente que deixou na terra

Sua explosão em outros olhos pra adormecer

O dia raia meu corpo desmaia no anoitecer

Depois que você morreu

O túmulo passou a ser meu confessionário

No formol das palavras você renasceu

E isso é vida que não morre nunca

De onde você saiu só levou o corpo que deixastes

Sua raiz dentro de mim não feneceu

E nunca fenecerá por que minha semente levastes....