É TRISTE NÃO TER A QUEM DAR FLORES
Já está amanhecendo...
Cada dia sem você é uma eternidade,
Mais uma vez sem seus beijos, seus abraços, seus afagos...
Ao acordar, pressinto o desânimo,
Fico na cama suspirando entre um bocejo e outro.
Como um ritual, encaminho-me para o “breakfast”,
Entretanto, insisto em não me alimentar,
Sirvo-me um café doce de gosto amargo...
E vejo no fundo da xícara, uma esperança quase afogada...
Ontem, acompanhado de minha ansiedade,
E mesmo chegando duas horas antes do vôo...
Não embarquei, avião lotado...
Hoje o avião também está lotado
Será que é hoje que viajo ao seu encontro?
Sinceramente não sei...
Mas isso ninguém pode prevê,
Nem o lacrimejar dos olhos que as mãos ligeiras, dissipam.
A cena seguinte vem automática...
Olhar pra cima e respirar profundamente,
Falsear o sorriso e acordar para a realidade dura da vida.
Estou num mausoléu que mais parece uma “mastaba”,
Vago por infindáveis quartos, corredores e salas,
Faço ginástica, demoro-me nos estudos...
Ligo a televisão na hora do almoço,
Tentando distrair sem êxito à falta de companhia.
Saio depois do almoço e penso em voltar tarde,
Passo pelo cinema fugaz,
Pois lembranças da época de namoro invadem minha memória.
Ligo pros amigos, mas ninguém atende,
Faço um “brunch”, leio um livrete sem importância,
Passo pelo florista, compro um “bouquet” e me dou conta...
É triste não ter a quem dar flores...