O Sertanejo

Ao amanhecer do dia

Desperta o sertanejo

Pra enfrentar sua jornada.

Toma seu café e faz breve oração,

E sai feliz olhando a verde mata.

Alegre vai cantando a melodia

Que compôs para a mulher amada,

Sua musa e inspiração.

Fala de amor, de vida e nostalgia,

Pois sertanejo tem a sua agonia,

Quando depara com árvores frondosas,

Caídas, semimortas enfileiradas.

A corrente maldita que destrói

Vai arrastando sem piedade e dó,

A mata que é o seu sustento!

Olha ao redor e cheio de amargura,

Vê castanheiras caindo a gemer...

E o sertanejo chora a morte lenta

De uma floresta cheia de fartura.

O homem insano e inconsequente

Tirou de suas vidas o bem maior.

Agora vem sofrendo a penúria...

De faltar para os filhos o alimento.

E o sertanejo quando o sol se põe,

Volta pra casa arrasado e triste,

De mãos vazias e coração ferido.

Seus olhos tristes enchem-se de lágrimas,

Ao relembrar seu desencanto e dor.

E assim sofrendo deixa o sertanejo

Seu ranchinho que era um lar feliz,

Onde o cheiro de mato era seu perfume.

Acabrunhado e sem o seu refúgio...

Nada lhe resta, a não ser ir embora,

Levar seus filhos e a mulher querida,

Para a cidade procurar trabalho.

Mas sua alma reclama a saudade

De sua vida cheia de alegria...

Naquela mata que era o seu mundo,

Vivendo agora... somente das lembranças.

27-08-2011