As Palavras de Seu Pai (Mulher, não chora...)

Quando criança nunca precisou de livros

Desprezou os que tentavam lhe apresentar o mundo

Ansiou isto sim, por aquelas palavras precisas

Com suas verdades incontestáveis

Aprendeu sobre todas as coisas assim

Ouvindo o Pai, atenta menina sem pressa

Seu herói era perfeito, ninguém sabia mais de nada

Ainda mais que o amor transcendia as palavras

E rodopiava pela casa tornando-se em beijos

Abraços apertados, colo e aviãozinho

Então o tempo trouxe consigo outras palavras

Com ares de novidade e sabedoria falsa

E plantou na jovem rebelde desconfiança

A mulher que julgava saber o mundo por inteiro

Sob os protestos insistentes da menina

Passou a ouvir cada vez menos a voz dele

Um dia ele se calou, de repente.

Restaram somente as outras vozes, as vazias

E desesperada ela procurou reconhecer nas outras

Ainda que apenas um sussurro daquela voz

Que lhe iluminou a infância e guiou a juventude

Inútil foi que ele, agora, só falava aos anjos

A mulher tão segura tornou-se triste figura

E o seu mundo arrogante ruiu naquele instante

Mas eis que justo a menina estendeu-lhe a mão

Disse que não mais chorasse e que as palavras dele

Se desejasse encontrá-las, buscasse no coração

Que por trazerem tanto amor e que por serem tão fortes

Desafiariam a dor e enganariam a morte.

Jane Simões
Enviado por Jane Simões em 14/08/2011
Código do texto: T3160352
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