PAI
Do teu rosto
Quanto me lembro....
Daquelas marcas na testa
franzindo teu semblante,
num misto de austeridade
tantas vezes tão breve, passageira,
suavizada por tua bondade.
Da tua voz
quanto me lembro...
Chamando- me “minha filhinha”
entre carinhos e reprimendas
explicando-me o certo e o errado
ou ensinando-me as horas
orgulhoso de seu relógio de bolso.
Das tuas mãos,
saudosa me lembro...
Dos desenhos que fiz seguindo
o caminho das veias azuladas de labutas,
naquela jovem mão calejada da enxada
e das cordas que guiavam animais
desde sua tenra idade ao sol do trabalho.
Dos teus passos...
Quanto me lembro
daquele pisar forte
chegando às tardinhas
de passos já cansados
chamando-nos à sua volta
conferindo o hoje de cada um,
pedindo nossas escolhas
para passeio no domingo, depois da missa.
Ah...e tua espontaneidade
naqueles passos abrindo o baile
com desenvoltura dançando
arrasta-pé, catira e valsa!
E quanto me lembro
daquele carinho recheado
de alegria e aconchego ao cair da noite,
junto dos filhos contando estórias e histórias,
esperando o nosso sono chegar com sua benção
para depois dormir no sossego do merecido repouso...
Ah... Meu querido Pai!
Quanta saudade!