Teu legado
Quando partires,
Deixarás em mim as indeléveis marcas
De tua avassaladora passagem por minha existência.
Os sons do teu riso aberto permanecerão
Vibrando em meus tímpanos
Como ecos imorredouros numa caverna.
Teu olhar, ora doce e compreensivo,
Ora nublado pela dúvida existencial,
Viverá em minha retina e em meus sonhos,
Como o raio da tempestade vive,
Imortalizado, na tela do artista.
Teus gestos largos,
Mais eloquentes do que teu falar,
Continuarão a movimentar-se
Na tela de minha memória,
Na semi-obscuridade do ocaso.
O que mais me marcará, no entanto,
Não serão esses resquícios
De que me lembrarei para sempre
Por impossíveis de serem apagados.
O que mais me marcará, certamente
Será o vazio provocado por tua ausência
Esse vácuo eterno que nada poderá preencher.
Mas não chorarei as lágrimas acérrimas
Dos adeuses definitivos,
Saberei alimentar-me das lembranças.
E a lembrança de teu riso, de tua voz, de teu olhar
Serão, para mim, teu precioso legado.
Eternamente.