PAR DE TÊNIS
É um par de tênis velho,
Surrado,
Desbotado
Que tenho guardado.
Aguça-me a memória,
E eu volto ao passado.
Seu solado gasto,
E a forma encarquilhada,
Relembram-me as batalhas.
Era o coadjuvante,
O suporte da minha teia,
Na disciplina da vida,
No ir-e-vir lépido e faceiro...
Era o enfeite preferido
Dos meus pés andejos,
Que bailavam em
Passos apressados, lentos,
Jocosos, manhosos...
Quantas divisas,
Quantas conquistas!
Hoje,
Meu par de tênis,
Quieto no armário,
Ainda me espreita de soslaio,
Contando a minha história,
Reclusa no relicário,
Deste peito que ainda chora.