Os Espelhos do Tempo!
O tempo está denso, cruel e pesado
Por vezes tão cansado e sempre arrasado
Ele é a maior vítima da nossa falta de tempo
O tempo se reflete no meu lindo espelho
Aquela ali sou eu! Ali o tempo nunca mente...
E nos espelhos, olhamo-nos, devoramos
As nossas almas famintas, de ter tempo
Famintas da falta de tempo para nos amar
De tempo para crescer, brincar e sorrir
Mas o tempo! Esse não volta atrás, não!
Aquela que se olhou no espelho! Sou eu!
Outrora foi uma criança, com tanto tempo
Tempo! Era coisa que nunca lhe faltava
Ela brincava, fazia os seus trabalhos de casa
Ela ria e contava suas tropelias do dia a dia...
Ela arranjou tempo para se olhar no seu espelho
O espelho do tempo! Aquele que não mente, nunca
E viu quanto tempo passou, nas linhas e rugas
Nos olhos já baços e cansados de tanto chorar
E como ela teve tempo, tanto tempo, demasiado tempo!
Ela sorriu no seu espelho, viu parte da vida
Como se fosse uma película ali, no tempo
Bem conservada, sem perder nada de nada
Os bons momentos, os maus momentos
E uma vasta coleção de espelhos guardada...
Ainda mais fundo ela se olhou no espelho
Aquela escuridão, aquela ofuscação, saiu
Ele se iluminou, deixou o sol clarear, o dia
Viu uma jovem correndo feliz pela pradaria
Seus cabelos voavam alegremente ao vento...
Quis parar ali o tempo, o espelho, estava lindo
Imaculadamente lindo, jovial, parecia ter saído
Do chamado tempo de juventude da mocidade
Quanto amor ali, derramado, sonhado e vivido
Mas o espelho do tempo voltou a se embaciar...
Encantada eu quis limpar o espelho de novo
Cada bocadinho, cada impureza eu limpava
Melhorava, era o tempo de ter tempo
De meditar na minha vida e eu limpava
Mas o espelho se partiu e o meu tempo acabou!