DE REPENTE...
De repente...
Me pego perdido em tua lembrança
Batidas latentes e olhando à distância
Soluço em silêncio pensando em ti
De repente...
Do nada, tudo te torna ausente
E um filme descortinando na mente
Os doces dias de um passado recente
De repente...
Ficaram ao longo da vida os pedaços
Os medos, primeiras letras e os primeiros passos
Sepultando minhas histórias e teus segredos
De repente ...
Te encontro, caminhas comigo
Lugares estranhos, floridos caminhos
Acordo em soluços, ainda sozinho
De repente...
No mate, no quieto trago espichado
Comigo sorvendo te sinto ao meu lado
Contigo converso em silêncio, calado
De repente...
Uma música, uma frase, um dito
Lembro e me consolo quando repito
E assim amenizo a falta do colo
De repente ...
Os detalhes da tua “passagem”
Espinha implacável em mim a ferida
Do adeus sem aceno da tua partida
De repente ...
As mãos quentes que já foram o berço
seguraram o terço, afagaram meu rosto
Murcharam tão frias numa noite de agosto
De repente...
O encontro que me fez sempre crente
Que em outra dimensão te veja presente
Mesmo que não logo, mas que seja de repente