SAUDADE PALAVRA ABORTADA
Ela foi pra uma balada saiu de casa feliz da vida encontrou as amigas
Beijou sua figa e nunca mais voltou da noite bandida
Fora baleada e tombada para sempre por uma bala perdida
Nunca a vida valeu tão pouco
Os corpos escorrem como supositórios na terra
Que parece estar menstruando monstros cada vez mais loucos
Na noite enlouquecida a água benta do mal corre
A escolta do demônio está à solta dando risadas
O que mais revolta é ver as sinagogas de portas fechadas
De dia a poesia se despede e ainda se paga pela missa e pela prece
Fede a putricida carne adormecida e visitada por seres inertes da
pressa
Despachada das vestes continua reinando
a hipocrisia dos pensantes
Da promessa não vinda
da vida que a todo segundo se finda!!!
A carne é frágil a morte sempre está por um fio
A gente sente frio
Não adianta rezar se a fé não estiver no cio
Por muito menos a vida se perde se reparte
Basta você ficar só por um segundo suspenso no ar
E do pó já és parte...
Um real se paga por uma bala no mato
E por uma bala tua encomenda é feita
Um chumbinho é quanto vale a nossa vida de rato
Comemos do mesmo prato e assim segue o comboio
A esperança é como o trigo
Traz a certeza do pão, mas não a extinção do joio...
A canção da morte é uma saudade
A canção da morte é uma saudade