SOMBRAS (Todas as Dores do Mundo)
Deixa-me na exatidão do teu corpo,
Penetrar como um poema desvairado,
Conter o ópio, a sombra letal.
Deixa-me ouvir o cão faminto,
O desamor, o ócio, o ofício.
Deixa-me ouvir o silêncio,
O suave alento, o sino lento.
Deixa-me ver o rosto da paz,
A utopia, a sombra,
O colossal e abrupto destino.
Deixa-me ouvir o cântico,
O velho cântico do velho abutre.
Mostra-me a sombra do mundo,
O devaneio, o inusitado, o incorruptível.
Enfim, mostra-me a saudade incontida,
Que retida ficou no ócio de um poema inacabado...