RETRATO DE SAUDADE
Num piscar de olhos a vida passa
Só as lembranças durarão a eternidade
Vida terrena como a nuvem de fumaça
Depois da morte apenas retrato de saudade
Jamais sairá da minha recordação
Meus avós queridos o amável casal
Hoje só restam lembranças no casarão
Retratos antigos na sala e seu antigo quintal
Embora bem cuidado não exista o mesmo brilho
Falta ali todo o cuidado amor e afeto
Souberam criar muito bem os seus filhos
Total dedicação a seus filhos noras genro e netos
Recordações profundas que o coração emociona
Os antigos moradores do saudoso casarão
Ele com falto de um braço sentado na poltrona
Juntos sempre atentos a família fazer recepção
Em datas memoráveis a família ali vinha
Juntos felizes celebrando o gosto da vida
Rio repleto de peixe e o engenho de farinha
Cantigas e repentes era a sua diversão preferida
Meu avo sem o braço direito pouco se incomodava
Perdido no engenho de cana muito trabalhador
Repentista desde criança nas festas cantava
A falta do braço Deus lhe compensou em amor
Finais de semana sempre a família reunida
Quem pousava gostava em se cobrir de coberta de pena
No almoço galinha caipira era sempre servida
Vovozinha cozinhava pois era prestimosa e serena
O tempo passou e daqui eles já foram embora
Lá já não canta o repente nem toca sanfona e violão
Só no peito aperta a saudade o retrato de agora
E o silencio chegou para sempre naquele casarão
Se foram deixando o retrato de saudade
Mais guardo comigo seus carinhos e sorriso
Juntos aguardam-nos na eternidade
Faremos maiores festas ainda no paraíso
Escrevo em rimas vovô em sua homenagem
Que o pai divino me deu o dom como herança
Um dia para o mesmo lugar farei a passagem
Para junto dos santos, esta é a minha esperança