Tomar um belo banho de cachoeira               quando menino
parecia uma grande besteira
mas era a única maneira
que os meninos levados
sem eira e sem beira
descobriram para curar as asneiras
e os maus pensamentos
nas ribanceiras verdejantes
do Córrego das Almas
que depois de um bom banho
e a alma mais calma
e um silencio estranho,
a brincadeira seguinte
era apanhar laranjas maduras
e sonhar com as ternuras
das meninas mais maduras
antes que os maus pensamentos
voltasse com o tempo e o vento
e saíssem em corredeira
pelos quintais sem fronteiras
e perdessem as estribeiras
na cabeça daqueles meninos
sem eira e sem beira,
e o sonhos acabassem em pepinos
 na ponta do chinelo da nossa mãe...



tomar banho de cachoeira                             quando jovem
na bela cachoeira do Zé de Arminda
e sonhar com uma coisa  tão linda
que também tomava banho nela
e tinha o belo nome de uma Estrela
e de repente aquela bela donzela
           foi embora sem avisar
e quando quis avisar,o vento levou
           pelas ondas do mar !...


tomar banho de cachoeira                             quando peregrino
o jeito foi lavar a alma inteira
depois que o tempo levou o menino
levado pelas águas do destino
e se tornou inquieto peregrino
e pelo mundo atrás do divino
voltou a ser menino novamente
sem eira e sem beira
naquela água corrente
que o tempo não apaga
que o vento me afaga
        divinamente
que o vento não acaba
e que o tempo me cobra
        eternamente..



(na foto, o peregrino em 2009, na Cachoeira do Zé de Arminda-Piranga)


Ao colega do Recanto  Fábio Brandão


Marco de Nilo
Enviado por Marco de Nilo em 13/07/2011
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