Flores para os Vivos!
(cenas reais na despedida de um amigo)
Lágrimas brotavam como fonte dos olhos presentes,
E aquela Mãe!
Pranto de dor, dor no coração,
Prematuramente o filho chamado às celestiais mansões
O corpo sem vida, sereno, nada vê, simplesmente dorme.
Flores, quantas flores tristes para enfeitar sua partida
Eu fiquei a contemplar cada rosto, cada olhar doído
No meu silêncio uma pergunta perdurava...
Quantas vezes aquele homem em tenra idade
Recebera flores em vida para adornar a mocidade?
Puderam seus olhos se alegrar com as rosas recebidas,
Deliciar-se da beleza e do aroma em plena vaidade?
Quantas margaridas fizeram parte dos seus dias floridos...
Uma criança entra no velório sorridente com um lindo buquê,
Ergue os pezinhos, debruça no caixão
E diz naturalmente: “Tio, eu trouxe flores para você”
Eu não resisti...
Aquela cena me chocou e eu chorei em soluços.
A inocente criança percebe que a nova vida que o recebe
É muito melhor, o lar celestial está além da compreensão
Todos querem morar no céu, mas não entendem a separação
Que chega subitamente sem avisar e dilacera o coração.
Desejo todos os dias receber flores da sua mão
Aquelas bem singelas doadas com emoção
Rosas para enfeitar nossa alegria
Não espere a chance de levá-las ao meu velório
Para enfeitar a tristeza dos presentes enquanto choram
Na minha ausência já não mais verei as flores belas
Não mais sentirei o perfume, pra que me servem agora?
Venha, é urgente, a vida deseja celebrar com perfumados buquês
A alegria de ter vocês comigo, meus amigos queridos
Quero eu ter o privilegio de chorar a benção da união
De sorrir à alegria da nossa confraternização...
Na minha despedida deixe de lado as flores,
Chore minha partida com esperança,
Que no céu vamo-nos encontrar,
Num bem vindo explodindo em cores...
Luzia Ditzz,
16 de maio de 2011.