POEMA DO CÉU versus LÁGRIMAS
Oh! Tempo, por que se vão tão cedo os amigos?
Oh! Mundo, por que esse pedestal de lágrimas?
Oh! Vida, por que não estamos a salvos do perigo?
Serão as perdas uma bênção ou são dádivas?
Ah! Desculpa Deus, não é nada, não, foi apenas um cisco no olho!
Deus, Pai da Exegese, permita-me, aqui, dizer:
A morte parece ter virado status, glamour...
Paro, penso, medito e não consigo entender,
Será isto uma purificação e rumemos à Terra de Ur?!
Ó Deus, vivemos nós na antessala do medo,
Precisamos de uma luz, um apoio, um alento...
A vida nos escapa, ah! por entre os dedos,
“E choramos iludidos sob os beijos fatais do tempo.”
Ó Deus, por que não nos personifica?
Lapida-nos, fechai dos corações as feridas;
Desintegra-nos da morte, nos dignifica;
Dá-nos um ansiolítico, o elixir da vida!
Ó Deus, ajuda-nos, estamos de mãos atadas,
Ficamos estarrecidos, afoitos, no trânsito;
Morremos e não sabemos, sim, fazer nada,
Sentimo-nos pequenos, incautos, atônitos...
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A nossa comunidade está ficando pobre
De Avanildas, Arleides, Eduardos, Pedros, Neniras,
Nilmans, Raimundas, Zé's Carlos, Tetês, Naldos, Írias...
Todos irmãos nossos de corações nobres!
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Nossa querida “Corrinha de Vó”,
Morreste, mas não como em doença;
“Foste pó e voltaste ao pó.”
Fechou-se o ciclo, cumpriu-se a sentença!
Não, não acredito que você morreu,
Mesmo que me digam, não importa.
Os amigos não morrem, são eternos,
Quero acreditar nisto, eu não te vi morta!
Sei que não fomos muito amigos,
Mas, ambos, gostávamos de Comunicação.
Eu acreditava em você e você em mim,
Não sei agora que me vês de outra dimensão!
Corrinha, pobre e rica moça!
Soubeste superar a fealdade
Do tempo, e, deste força
Ao conceito de humildade!
Quem dera que estivesses conosco agora,
E podermos, assim, ouvi-la dizer:
Coragem! Sejam fortes! Por que choram?
Vocês me perderam, mas eu ganhei o Reino!
Saibam que o Maior de todos os homens
Morreu na Cruz para nos dar a Vida,
E nós, pobres (i)mortais que somos,
Temos de segui-Lo e devolvê-Lo esta mesma vida.
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Que nos lembremos de você sempre,
Não só neste momento triste, agora,
Pois, quem quiser ser bom, entre
Tantos, que morra ou vá embora!
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(à Maria do Socorro Fernandes, IN MEMORIAM, em 05/08/1998)