POMAR DE INFÂNCIA

No meu pomar havia

AMEIXEIRA

Nela tinha um galho

Que se estendia como braço

De um grande pai.

Ele era o meu trapézio

E era minha ‘corda bamba’.

MEXERIQUEIRA

Ela tinha uma copa

Toda frondosa que cobria toda área

Dando proteção e guarita.

Ali era minha igreja

E minha casa.

LIMEIRA

Ela tinha ramos

Que pareciam degraus.

Eu subia aos céus da imaginação

E retornava ao paraíso de meu pomar.

ABACATEIRO

Ele era alto.

Inatingível – eu queria

Sempre subir e não conseguia.

Eu fazia seus frutos caírem.

LIMOEIRO

Ele parecia um jardim

Salpicado de rosa limão:

Vermelhos, agridoces e refrescantes.

AMOREIRA

Ela era sempre verde

Salpicada na estação certa

De frutos roxo-negros.

Frágil, com suas varas

Indo e vindo ao sabor do vento.

GOIABEIRA

Era cheia de formigas estranhas

Carregando uma folha aqui

E um inseto ali.

Para rever meu pomar

Que se perdeu no tempo,

Eu pico frutas na tigela

E como com mel e creme.

Sinto na boca toda beleza

Daquele lugar nunca esquecido.

Sonho novamente todas

As imaginações que ali degustei.

L.L. Bcena, 21/08/2010

POEMA 233 – CADERNO: CHEGADA NO PORTO.

Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 14/06/2011
Código do texto: T3034929
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