SAUDADES DE MENINO.
A fonte.
Ah, minha doce cachoeira!
Meu brinquedo de menino,
Nas tuas corredeiras,
Meus anos foram... Indo.
As tuas negras pedras ainda,
Estão no meu caminho.
Ouço o teu roncar que se finda,
Em saudosos burburinhos.
Eras um regato lindo,
Nascido entre as montanhas.
Agora, tu és esgoto infindo,
Carregando coisas estranhas.
As tardes eram eternas,
Quando cantavam os sabiás e,
Nas tuas sombras frescas,
As cambacicas numa perna.
As tuas margens eram enfeites,
Que embelezavam as tuas beiras,
Num bailado de copos-de-leite,
Assanhando as lavadeiras.
Morreste sem ao menos eu te olhar.
Lembra-te que um menino,
Vive contigo a sonhar,
O teu sonoro canto cristalino.
Eráclito Alírio