UM MOMENTO DE SAUDADE DE BASILISSA
(Sócrates Di Lima)
Manhã sem Sol,
Um friozinho arrepiando,
Meus olhos vêem um arrebol,
É como um céu me chamando.
Sem lágrimas no olhar,
Nem tristeza no sorrir,
Uma névoa finíssima a roçar,
Fazendo a face fria reagir.
Lembro-me de um rosto avermelhado,
Pelo frio que tocava a face,
Eu me lembro, bem lembrado,
Não existe nenhum impasse.
Recolhi minhas asas frias,
Poderia estar voando além - cá,
minhas vontades não estão vazias,
Ocupam os lugares de lá.
Uma manhã igual que não me espanta,
Se não fosse pela saudade,
Esse sentir que se levanta,
E gradualmente me invade.
Toma, arrebata, desassossega, faz uma manhã arredia
Como uma comichão inquieta na alma doce,
Esta saudade só me pegaria,
Se de outro jeito fosse.
Então de saudade, olho pra dentro de mim,
Da vontade de arrancar o coração,
Estapeá-lo assim,
Com ele na minha mão.
E não é porque a manhã está inquieta,
E nem por achar que meu coração é bandido,
É apenas porque a saudade deste poeta.
É uma saudade maluca, em dia mal amanhecido.
Levanto os olhos e olho mais além,
Cerro minhas pálpebras e vejo uma miragem,
Um cruzeiro esperando por alguém,
Numa manhã de frio dessa minha doce viagem.