A dor da saudade

Saudade...

É um sentimento dolorido.

É algo que sinto, mas não entendo...

É um sentimento que parece fácil dizer

e difícil de sentir.

É subentendido.

Saudade é um desses poderes

que nos dominam com facilidade,

e aos poucos nos minam até meio sem jeito,

aperta tao fundo no peito,

rimando com a maldade...

Saudade...

Sinônimo de tudo

que nos leva ao longe...

É solidão de monge...

Voo de pássaro solitário.

Saudade,

é caminhar sobre espinhos...

É mostrar o corte aos ventos...

Nos mais altos campanários...

É fugir, rezar sozinho em

silêncio no cantinho

do santuário...

Saudade

é o caminho contrário da felicidade.

Até lembra poesia,

mas combina mesmo,

é com heresia,

pois castiga a gente com vontade.

Saudade,

é algo quase inexplicável..

É um monstro infeliz e indomável!

É um mal incurável.

É crueldade.

Saudade dói assim constante...

Parece algo frio e cortante

não tem remédio,

não cura com nada...

Sempre vem, quando não se espera.

Aparece se fazendo de importante,

correndo feito uma fera

e nos impõe ao

seu modus operandi.

Saudade,

é um corredor escuro.

Nos põe assim de castigo,

nos arrebata a presságios

de perigo

e sempre nos convida,

ao isolamento constante.

Saudade marca...

É barco a vapor...

Só se move a ferro e fogo!

Existe, fingindo ser um mal necessário...

Mas eu preferiria afugentá-la...

ou trancafiá-la,

num cofre escondido,

ao fundo de um armário....

Saudade é dor conta-gotas.

Dói devagar e sempre...

Parece gostar de ver

o sofrimento da gente,

e sempre tem a tristeza a seu favor.

Saudade é mesmo assim..

Um sentimento meio ambíguo!

Nos coloca sempre, tão distante

de tudo que queremos,

e quase sempre, nos mostra a face

do inimigo...

Saudade é tudo

que não desejamos!

Parece um filme em que participamos,

fingindo que temos tudo aquilo que queríamos,

e no entanto, temos

somente a lembrança

daquilo que precisamos.

Saudade dói...

Com a nobreza da lâmina de um samurai...

Saudade é tudo o que resta... de tudo que é bom...

Saudade é tudo de sobra do amor...

Atravessa a nossa alma como o vento frio...

E explode no silencioso rio dos olhos...

Na quietude das noites....

Saudade é uma dor!

Essa dor danada...!

Que dói feito corte de espada...

Atravessa a nossa alma,

como o vento frio da madrugada.

Saudade!

Gostaria de nunca senti-la!

Se para isto existisse escolha,

assinaria o meu nome numa folha,

e seria o último da fila!