Minhas saudades.
Minhas saudades.
Minhas saudades vêem com o cheiro de mato
Mescladas na terra molhada na vassoura de alecrim
Que na grota nasce e perfuma os caminhos que faço
Para buscar água que dava vida ao pequeno jardim.
Saudades de um lugar bucólico encravado numa serra
De onde eu posso enxergar o infinito de meus sonhos
Que sempre vem em forma de lembranças da minha terra
Ora se vestem de alegrias, mas às vezes em trajes tristonhos
Saudades agora guardadas nesta pequena sacola de pano
Resto das camisas do meu tempo de aprendiz no SENAI
Que leva linda engrenagem vermelha no primeiro plano
Minha saudade profissional no embornal do brim caqui.
Outras que ainda me chegam, vem com o frescor do regato
Com suas águas cristalinas que se vêem belos seixos rolados
Que na fachada da pequena casa e jardim era lindo ornato
Criando com flores tão belas estes caminhos ordenados
Então sinto minhas mãos nervosas a vasculharem agora
O embornal das lembranças que carrego com cuidado
E nesta algazarra recria o menino sonhador de outrora
Pensando na sua infância com olhos ternos num passado.
Toninho.
04/06/2011
Embornal:
Sacola confeccionada em tecido grosso (lona, mescla, brim),
com alças laterais do mesmo tecido, usada a tira-colo. Eram muito utilizados lá no meu interior pelos anos 60, muitos eram feitos das pernas de calças velhas e ou camisas.
SENAI: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial para jovens entre 13 e 15 anos naquela epoca, sendo que na minha cidade era mantido pela CVRD (VALE), que nos pagava metade do salário mínimo neste aprendizado destinado a preencher seus quadros.