MÁGUA DE CABOCLO...
Vô contá pra vosmicê
Pruquê Tô na Cidadi Grandi
SÔ hoje na véice homi intineranti
Cuma dói arrelembrá
Aquele céu istrelado
Que um dia tive que largá
Martrata ainda o peito
A sardade marvada
Do meu quirido sertão
A sicura danada
Mi ixpursô da véia casa
Que nasci lá num rincão
Qué sabê? Praquelas bandas
Nadica num mudô
Naquele canto de mundo
Chão cuntinua tudinho quebrado
Feito rosto inrugado
Pronde se óia só vê airidêis
Tudo morre pelo sor
Que tão quente iguar fogo
Treme o ar e morre a rês
Num intendo pruquê diz
Qui aquela pobreza
É atrebuto di natureza
A verdade mermo
Só farta fazê
A água brotá do chão
Aí ocê vai vê
As fartura dus grão
Mais quar...
Água? só as légua de distânça
Quando se encontra uma poça
A mininada na paioça
Barriga grande di vermi
Chora a fômi di tempos
A mãe magra coitada
Engana a criançada
Dano água açucarada
Qui chamamo di garapa
Li aprigunto; ô Moçô
Das Puliticagi?
Cadê os Dotô?
Qui vem di cara lavada
Surrino na tilivisão
Dizeno da tar C.P.I.
Mais nóis sabi que por trais
Só emborsa nadica se fais
Robano grana dos Trabaiadô
Invergonhano a Nação
Cum a currupção
E quinão tão nem aí
Pro povo do Sertão
Pru mim já num ligo
Qui SÔ véio feito adão
Mais iaquele que nesta hurinha
Tá nasceno meu irmão
O que fazê? Corrê pronde?
Não termo inquém ricurrê
Só tem um jeito intão
Rezá Praqu´êle
Que Tudo ....Vê....
("Oro...Rezo...Imploro
ao Senhor do Universo
que estenda suas mãos
e ajude este povo
do querido sertão
que sem consolo
chora e pede pão").
-SP-Ly-28-05-2.011
Infelizmente esta ainda é uma realidade no nosso Brasil.
(vergonha brasileira)
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