Saudade

05/11/2007

Como disse o poeta: “Ai que saudade dos meus oito anos...”

Oh saudade daquele tempo de criança

Onde responsabilidade e obrigações eram apenas palavras

E que fique claro: palavras estranhas!

Saudade do tempo em que esperava minha mãe

Ter um tempinho pra me fazer um carinho

Dar-me aquele abraço e beijo dengoso

Encher-me de vontade, colocar-me no seu colinho.

Saudade de correr pelo terreiro com minhas irmãs e amigas

Preocupar-me apenas com qual seria a brincadeira do dia

Sem muita pressa, tempo no nosso caso não era problema

Tudo acontecia no seu devido tempo sem esse troço de correria.

Hoje é mainha quem me espera em casa

Quando consigo um tempinho corro pra vê-la

Dou aquele abraço bem apertado quase a sufocá-la

Na minha vida corrida agora falta tempo pra minha velha.

Saudade – oh palavra maldita

É tão estranha que só existe na minha língua

E o pior é que eu sinto essa bandida

Saudade do meu tempo de criança, minha bela vida.

Engraçado como o tempo passa e as coisas mudam

Há beldades que perderam a sua beleza

Há horrores que parecem um pouco mais belos

E, contudo, sobra sempre saudade e tristeza.

E hoje a liberdade já não me parece tão legal

Essa independência chega a me sufocar

Tudo parece feio nessa vida que lutei para ter

E a saudade do meu tempo de criança me faz chorar.

Patricia Teixeira
Enviado por Patricia Teixeira em 25/05/2011
Código do texto: T2993157
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