Saudade
05/11/2007
Como disse o poeta: “Ai que saudade dos meus oito anos...”
Oh saudade daquele tempo de criança
Onde responsabilidade e obrigações eram apenas palavras
E que fique claro: palavras estranhas!
Saudade do tempo em que esperava minha mãe
Ter um tempinho pra me fazer um carinho
Dar-me aquele abraço e beijo dengoso
Encher-me de vontade, colocar-me no seu colinho.
Saudade de correr pelo terreiro com minhas irmãs e amigas
Preocupar-me apenas com qual seria a brincadeira do dia
Sem muita pressa, tempo no nosso caso não era problema
Tudo acontecia no seu devido tempo sem esse troço de correria.
Hoje é mainha quem me espera em casa
Quando consigo um tempinho corro pra vê-la
Dou aquele abraço bem apertado quase a sufocá-la
Na minha vida corrida agora falta tempo pra minha velha.
Saudade – oh palavra maldita
É tão estranha que só existe na minha língua
E o pior é que eu sinto essa bandida
Saudade do meu tempo de criança, minha bela vida.
Engraçado como o tempo passa e as coisas mudam
Há beldades que perderam a sua beleza
Há horrores que parecem um pouco mais belos
E, contudo, sobra sempre saudade e tristeza.
E hoje a liberdade já não me parece tão legal
Essa independência chega a me sufocar
Tudo parece feio nessa vida que lutei para ter
E a saudade do meu tempo de criança me faz chorar.