FILHA DE CORTEZ
FILHA DE CORTEZ (Cléa)
Saudades:
Da tua boca, estame perigoso,
Que exala um perfume embriagador.
Dos teus olhos sol portentoso e,
Do teu corpo esguio e avassalador.
Por isso, espero,
Que as violetas não te envaideçam
Rastejantes e belas. Um delírio!
Humildes, embora, se pareçam,
Com o teu sorriso, um puro lírio.
Assim:
Descortinas uma doce sensação
Em busca dum afago para te acarinhar,
Entre as minhas, as tuas mãos.
Lembrar?
Não quero te lembrar.
Para olvidar-te tenho relembrado.
Por que tenho de te amar?
Se por ti sou sempre ignorado.
Mulher travestida de santa.
Ignoras e não sabes o que tens.
Doce carisma que me encanta.
Tu partes e me levas também.
Quantos poemas eu já te fiz.
Eis alguns:
“Paralelas”, penso que foi o início.
“Samaritana”, assim se fez.
Fazer-te a filha do suplício.
Neste poema “A Filha de Cortez”.
Seco, às vezes, sem rima,
Pra matar esse amor duma vez.
Ilusão.
Tu ainda me fascinas.
Saudades do teu “pode ser”.
Manhosa e muito atrevida.
Teus dengos, eu não vou esquecer.
Hei de te amar pela vida.
À noite:
Doce vinho em tua boca.
Na taça de cristal transparente.
Nos devaneios tu eras louca.
De beijos lindos, mui ardentes.
O teu nariz a olfatear,
Como o de uma boneca.
Teu sorriso a adornar.
Tuas faces, ó loira sapeca!
Teu corpo é uma poesia.
De tercetos e quartetos.
Versos de dura agonia.
Saber-te um anjo canhestro.
Sempre,
Estive muito próximo de ti.
Flor de girassol do meu jardim.
Quis mudar-te na primavera,
Mas, ensimesmado te perdi.
Quero sonhar com saudade.
Lembrando assim viverei.
Se estiveres na eternidade,
Mesmo assim te amarei.
Mesmo depois de morreres
Terei saudades dos teus desejos
Engraçados, só para te ver,
Sorrir, um lépido e doce gracejo.
E de ver-te a correr como fantasma,
Na praia aos gritos.
Fazendo-me sofrer,
Com os teus conflitos.
Tu passaste por mim como suave brisa.
O teu leve ulular é acalanto.
Olvidar-te, jamais, isso me martiriza.
Por certo, me levaria ao pranto.
Fantasma loiro que pra mim sorria.
Volte a ser o meu encanto.
Eráclito Alírio.