REMINSCÊCIAS
Na cadeira de balanço
Vovô estava a embalar-se
E nos seus embalos
Lembranças iam surgindo
Dos velhos tempos, na roça
Abrindo suas picadas
Plantando a semente
Trabalhando com sua enxada
Quantos perigos meu Deus
Feras insetos e pragas
A malária era constante
E doenças mal diagnosticadas
O médico vinha de longe
Á cavalo ou de caminhão
Pousava pelas estradas
Ou então no barracão
As cirurgias iluminadas
Na lamparina sob a luz do luar
E depois do serviço concluído
Era um bom chimarrão saborear
Muitas lembranças sufocadas
De quando se ouvia de longe
O soar do berrante
Trazendo aquela boiada
A lenha a crepitar no fogo
O cheirinho do café
A cabocla formosa e bela
A dança do sara pé
Os saraus do entardecer
As longas conversas na varanda
Onde as crianças brincavam
E cantavam a ciranda
O tempo já se passou
Os anos não voltam mais
Porem ficou as lembranças
De uma vida bela mais