O JARDIM DE MINHA MÃE.
Já cresceram mãe!
As sementes que plantamos,
Já são flores mãe.
As mudas moldadas por nossas mãos
Mudaram,
Não morreram mãe,
Floresceram incessantemente pela terra,
Por toda parte.
E dos seus suaves passos
Por essas paragens,
Ficou a ponte de pêssegos,
De seus passeios,
Passados,
N'um formato de arco.
Sumiu seu olhar,
Sumiu seu sorriso,
Sua presença,
Agora me vem em sonhos,
Somente em sonhos,
Em delírios que norteiam minha visão...
- Da lembrança lamuriosa de seu jardim,
Colhi o lírio da solidão.
Fazem seis meses que deixastes
Tua falta aqui presente,
Inocente,
Escolheste morar entre hostes celestiais
E sem aceitar as ordens,
Do destino,
Me isolo,
Me purifico no seu lugar preferido.
Ah, já cresceram mãe!
Já são flores as violetas,
São brancas as tulipas
Que abriam suas janelas primaveris!
Desça uma única vez,
Antes das tempestades,
Antes que as águas tudo arrasem.
Desça,
Abrace-me como antes
Ao menos acene, distante
Um aceno de adeus.