Jóias
Quando a manhã, embalsamada em minha mente,
Revela o astro maior no céu, meu pensamento
Clama a volta da aurora bela e cintilante,
Porque pungente choro em dor; muito lamento:
Os jovenzinhos tão discretos, tão amantes...
Os passarinhos rodeando e chilreando,
Todo canteiro visto sempre com ternura
Suavizando a pena triste em vento brando,
Escuros olhos que fitavam o futuro,
Cheios de sonhos, esperança sem revés,
Com alegria de ter sempre mil carinhos,
Palavras ternas que firmavam nossos pés,
A boa fé, a confiança na amizade,
Onde nós víamos os astros reluzentes
Alumiando uma coruja predadora
Sempre nos fez os jovenzinhos mais contentes,
Os braços dados na alegria e na lamúria
Mesmo que lágrimas plangentes e sofridas
Caíssem sôfregas dos olhos compungidos
Eram espadas contra afrontas recebidas.
À noite fria os corpos quentes misturavam-se
Na coesão mais preciosa deste mundo.
Todo sofrer na caridade suplantado,
Nosso viver era completo e tão profundo...
Por que me lembro dessas jóias preciosas
Que só me fazem padecer nesta saudade?
Porque no vau da solidão indesejada
É impossível não sofrer de caridade!