Jóias

Quando a manhã, embalsamada em minha mente,

Revela o astro maior no céu, meu pensamento

Clama a volta da aurora bela e cintilante,

Porque pungente choro em dor; muito lamento:

Os jovenzinhos tão discretos, tão amantes...

Os passarinhos rodeando e chilreando,

Todo canteiro visto sempre com ternura

Suavizando a pena triste em vento brando,

Escuros olhos que fitavam o futuro,

Cheios de sonhos, esperança sem revés,

Com alegria de ter sempre mil carinhos,

Palavras ternas que firmavam nossos pés,

A boa fé, a confiança na amizade,

Onde nós víamos os astros reluzentes

Alumiando uma coruja predadora

Sempre nos fez os jovenzinhos mais contentes,

Os braços dados na alegria e na lamúria

Mesmo que lágrimas plangentes e sofridas

Caíssem sôfregas dos olhos compungidos

Eram espadas contra afrontas recebidas.

À noite fria os corpos quentes misturavam-se

Na coesão mais preciosa deste mundo.

Todo sofrer na caridade suplantado,

Nosso viver era completo e tão profundo...

Por que me lembro dessas jóias preciosas

Que só me fazem padecer nesta saudade?

Porque no vau da solidão indesejada

É impossível não sofrer de caridade!

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 25/04/2011
Código do texto: T2929470
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