Num ponto qualquer na parada da estação do trem
Encontrei você apressada na hora do rush.
Tua voz macia logo sintonizei e o olhar sereno...
Levemente reportei...
A tempos idos que não voltam mais,
Você com seu corpo delgado, cintura fina,
E olhos de menina.
Tua boca rosa carmim...
E tua pele cheirava alecrim.
Lembrei-me dos amassos no portão,
Do suor que respingava no meu corpo,
Molhando-me por inteiro,
Num afã muito louco...
Por entre gritinhos frenéticos e sussurros.
Mas, o tempo passou...
E você nem percebeu,
Ficamos diferentes,
Ausentes e mais tristes.
O corpo definhado,
Os olhos marejados,
A vista embaçada...
E a tez muito pálida.
Porém reconheci, o corpo que era dela...
Que ficava debruçada na janela
Esperando por mim.
Os olhos também, eram dela,
Que fitavam-me com paixão...
A voz, bem, a voz era a mesma,
Timbre suave e canto de sereia.
A menina virou mulher...
Encontrei a minha namorada...
Que também não era mais...
Minha namorada...
Mas, a lembrança morreu... em meus braços,
Diante dos trilhos que o trem levou;
levou a saudade...
levou a serenidade...
E a candura se foi...
Agora restou, só o tempo...
Cruel de nossas vidas,
Que sem medida passou...
E não nos deu conta.
Do que perdemos e não nos coube, a saber...
E da vida viver...em branças nuvens... de lembranças!
Ah, o tempo...só o tempo...não era dela,
Não era nosso!
Passou como um trem veloz,
Em trilhos de desesperança...
Que nos alcançou...
Indubitavelmente!