SAUDADE

(Sócrates Di Lima)

Não vos direi que me calei na noite escura,

Nem que meu riso silenciou na madrugada,

Tão pouco meu olhar se perdeu na sepultura,

Onde na lápide se lê: - aqui jaz a saudade da mulher amada.

Não vos direi que no ataúde do coração,

A alma repousa no silêncio noturno,

Onde não há sonhos na minha conação,

Nem formada a vontade de um lapso inoportuno.

Não vos direi que o mar revolto,

Faz tempestuosa a minha vontade,

Um tormentoso maremoto,

Nas noites frias da minha saudade.

Não vos direi que pássaros silenciaram,

Nos crepúsculos dos meus dias,

Nem que as razões me aliciaram,

Fugindo-me á memória as doces poesias.

Não vos direi minha alma nobre,

Que nas tormentas que avassalam estas vontades,

Suprimi minha sorte, não quero que nada sobre,

Nem sombras nem sobras de virtualidades.

Dir-vos-ei minha razão,

Que nada mais tem valor do que a realidade,

Onde a verdade não sofre a mutação,

Que se submete na virtual complexidade.

É a perversão do querer,

De ser tão maior quanto o próprio ser

Entre imagens floridas e ilusões pervertidas,

O virtual é o nada de tudo que se queria ter.

Não vos direi minha alma, agora,

Deixo o tempo rascunhar minha memória,

E onde pousar minha fé revigorada, o mais irá embora,

E no clarão da minha idade, reescreverei a minha velha estória.

Dir-vos-ei que deixei de habitar-me,

Para fazer morada na minha poesia,

E nela minha alma há de falar-me,

Que eu poderei fazer muito mais do que agora faria.

E fora da assiduidade poética,

Longe da virtualidade,

Vivo em Basilissa a intensidade do amor além da aritmética,

Na minha saudade, a minha mais forte realidade.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 31/03/2011
Reeditado em 02/04/2011
Código do texto: T2881434
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.