Enquanto espera...

Estática expectativa do escuro passo.

Deleite do esperar, ânsia do amanhã.

Perdoar-se o gozo antecipado e crasso.

Talvez só miragem, possível emoção vã.

Doído o status de quem não apenas fica.

Moídas vísceras, lancinado coração.

O passar do tempo lentamente explica,

Como ser folha em pleno furacão,

De Fluxo intenso sem contrapartida.

Pulo sem colchão, leme sem timão,

Escuro do tempo, paz enfurecida,

Calma aparente, mente morta, solidão.

Presumir-se farto antecipar o vir

Presumir o fato como haverá de ser

Confundir num ato um imaginário haver

Consentir espaço ao trato pra sofrer

Reticentes e rijas ficam as membranas,

Aos convenientes nacos do elixir

Intermitentemente montam mente sana

Coerentemente em corpo a se exaurir

Aceitar, como a areia às ondas.

Acalmar, como depois do amor.

Refazer, tal uma mal feita conta.

Desconhecer se é amor ou dor.

Mesclam-se tempo e espera, fundem-se sonhos e fatos,

Lógicas, lúcidos atos,

Disputam o que fazer sentir

Trapos, cristais de farrapos,

Nada...

vazio... ruir.