Tuas digitais

A chuva compunha o soneto,

e os pingos faziam o refrão,

o vento a balançar teus cabelos,

eu lhe dava atenção.

As taças de vinho no carpete,

os corpos defronte a lareira,

o fogo aquecia a sala,

as roupas sobre a cadeira.

As juras, beijos, promessas,

O ato, o fato, o desejo,

tudo se dissolveu,

depois do último beijo.

Ainda guardo comigo,

as tuas digitais,

no corpo, na sala, no teto,

e nas taças de cristais.

Ainda guardo comigo,

o teu gosto em minha boca,

o teu cheiro no carpete,

a tua santa face louca,

teu olhar que incendeia,

teu abraço como teia,

que me prende e me enlaça,

não importa o que eu faça,

o teor da tua boca,

impregnado naquela taça.

Para sempre, até que volte,

ou com o tempo lhe esqueça,

como a ampulheta e a areia,

e me enlaço, sem vergonha,

em outros braços, outra teia.

Antônio Beatriz
Enviado por Antônio Beatriz em 21/03/2011
Reeditado em 26/07/2013
Código do texto: T2862445
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