ANTIGA FEIRA DO SERTÃO DO MEU TORRÃO
ANTIGA FEIRA LIVRE DE PEDRO AVELINO
Da zona rural chegava o matuto
De várias ruas vinha o cidadão
Uns compravam produtos
outros vendiam a produção.
No sábado tinha de quase tudo
Pra vender ou pra comprar
Alguns vinham apenas apreciar.
Cocada, rapadura e alfenim
Rede, corda e colchão de capim.
Candeeiro, lamparina e piraca
Santo, vela e catraca.
Chapéu de couro, gibão e ganzá
Vaqueiro tomava cachaça com tira-gosto de preá.
Barraca com diadema, óleo de coco
Linha, agulha e carretel
Pulseira, brinco e anel.
Pente e espelho
O matuto de São Pedro comprava
À noite se exibia para a namorada.
Farinha, feijão e garajal de rapadura
Beiju, pamonha e milho verde
Canjica, grude, chocalho e ferradura
Baladeira, ferro de brasa e cordão de rede.
Espora, dobradiça e tamborete
Sela, facão e chicote
Fumo de rolo, chapéu de palha e sabonete
Alicate, martelo e serrote.
Carne de sol, peixe e buchada
Cebola, tomate e trança de alho
Caldo de cana, pão doce e goiabada
Batata, queijo de manteiga e queijo de coalho.
De quase tudo tinha na feira livre
Fogão a carvão, quichó e barra de sabão
Sandália de couro, piaba e algodão
Que era a riqueza do nosso sertão.
Marcos Calaça, jornalista (UFRN)