SAUDADE E VONTADE DO POETA
(Sócrates Di Lima)
Uma ave como a condor,
Uma águia de olhar condenador,
Um falcão desafiador,
Um abutre exterminador.
O tempo, a espera,
Longe se vai a distância,
Perde-se na atmosfera,
Sem importância.
A indiferença,
Cresce como erva daninha,
Avoluma-se sem esperança,
Onde minha alma caminha.
E vem de longe o pássaro veloz,
Vôos rasantes sobre minha cabeça,
Garras afiadas ave algoz,
Querendo dizer-me para que eu não esqueça.
Nas garras afiadas e possantes,
Desses seres sem endereço,
Fincam meus ombros em vôos rasantes,
Levando-me para onde eu desconheço.
É como a saudade que chega,
Nas garras do tempo que me pune,
E sem aviso me carrega,
Para um mundo onde por algum a ti me une.
É a saudade que aperta,
O peito extravagante,
Misturando pouco a pouco o poeta,
Nas nuvens cinza de céu distante.
E nesse volume de pensamento,
Meu coração se entrega ao vôo raso,
O que fazer com esse sentimento!
Que me toma e me carrega nas garras do acaso.
Não estas tão longe minha senhora,
A distância é mera escravidão,
Mas antes que eu parta para outra aurora,
Trancarei essa saudade no fundo do meu coração.
Nada mais me afeta,
Nem mesmo a vontade que liberta,
De viver na razão concreta,
Da vontade incerta deste poeta.