SAUDADE E VONTADE DO POETA

(Sócrates Di Lima)

Uma ave como a condor,

Uma águia de olhar condenador,

Um falcão desafiador,

Um abutre exterminador.

O tempo, a espera,

Longe se vai a distância,

Perde-se na atmosfera,

Sem importância.

A indiferença,

Cresce como erva daninha,

Avoluma-se sem esperança,

Onde minha alma caminha.

E vem de longe o pássaro veloz,

Vôos rasantes sobre minha cabeça,

Garras afiadas ave algoz,

Querendo dizer-me para que eu não esqueça.

Nas garras afiadas e possantes,

Desses seres sem endereço,

Fincam meus ombros em vôos rasantes,

Levando-me para onde eu desconheço.

É como a saudade que chega,

Nas garras do tempo que me pune,

E sem aviso me carrega,

Para um mundo onde por algum a ti me une.

É a saudade que aperta,

O peito extravagante,

Misturando pouco a pouco o poeta,

Nas nuvens cinza de céu distante.

E nesse volume de pensamento,

Meu coração se entrega ao vôo raso,

O que fazer com esse sentimento!

Que me toma e me carrega nas garras do acaso.

Não estas tão longe minha senhora,

A distância é mera escravidão,

Mas antes que eu parta para outra aurora,

Trancarei essa saudade no fundo do meu coração.

Nada mais me afeta,

Nem mesmo a vontade que liberta,

De viver na razão concreta,

Da vontade incerta deste poeta.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 10/03/2011
Reeditado em 10/03/2011
Código do texto: T2839690
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