Nossa Aliança foi com o Mensageiro.

Toda vista pôde revelar e ser alcançada.

Eu também vi a vista, minhas crianças!

Eu vi os navios seguindo seus destinos

e sombrios eu os vi levarem acordos de presságios!

Transcendências de nossas casas já não conseguimos vislumbrar.

Levaram-nos da alma o precioso, o benigno.

E o sorriso que te deixei ao mar me retornou em sal.

Nossas camas agora são feitas de sal,

nossas mesas são talhadas a sal,

nossos dias são vestes de sal,

nossa espera,

nosso tempo,

nosso mistério,

nossa saliva, o sal...

E os navios partem ao longe.

E nossas almas dentro deles, só sal vão.

E eu não pude mais vê-lo,

não pude tocá-lo o semblante,

minhas veias endurecidas,

petrificadas,

minhas crianças sedentas

tiveram os lábios rachados.

Agora a agonia apartada de todo mar,

abraça-me feito anjo em espumas

e nossos corpos,

nossas lembranças curtidas

fazem a dor dentro de mim afogar-se.

Ao vento corre agora a despedida,

despida de nós, vai te pedindo, te suplicando:

“A promessa foi de aventura, nada há que te acorrente ao cais.

Leva fios de teus cabelos finos o envelope da mensagem.

Deixa o amor, deixa que eu fico aqui na escotilha desta casa a espreitar,

todo o Espanto, fincada nesse sal de abismo,

nesse silêncio azul que me despela em saudade."

Patricia de Cassia Pereira Porto

Patricia_Porto
Enviado por Patricia_Porto em 09/03/2011
Código do texto: T2837583
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