PRESENÇA
A tua mão pesada no meu ombro,
Inútil lutar contra o que não vejo.
Chega mansinho como uma brisa marinha
E me sopra aos ouvidos tua lenda.
Deixo levar-me por visões fantásticas
Onde te vejo vestida de nuvem
E ninfas preparando sua côrte.
De repente transforma-te em medusa
E meus olhos,petrificados,cega,
Nada vejo,nem sinto,perdido
Em seus mitos cruéis de divindades físicas.
Passa lentamente a mão no cabelo
Como um gesto ensaiado num ritual de perder-se,
No entanto o peito,já sacrificado,
Adota o signo de teu riso e arte.
"Nunca serei tua!" dança enquanto fala,
E eu,alucinado de amar-te e esquecer,
Tento agarrar num resto de vida
Tua sombra virgem assombrando a sala.