Saudade, que saudade de você!
Ali, naquela casinha escondida no meio do mato, morava uma morena bonita chamada Saudade.
Belos olhos da cor do mel, cabelos pretos como a noite, pés descalços sentiam intensamente o chão em que flutuava.
Sim, que aquela bela princesa mais parecia um anjo.
Andava pelas rendodenzas com seu cachorinho vira-lata chamado Azul.
Saudade adorava azul, ela adorava o azul do céu.
Nem parecia ser desse mundo: criatura pura que a todos iluminava.
Tinha sempre um sorriso, uma palavra amiga.
Não tinha medo de nada: matava cobra só com as mãos sem ao menos pegar no pau.
Sua alegria a tudo iluminava, como se fosse uma luz.
Mas, um dia a bela por um rapaz da cidade se apaixonou.
Ele se dizia chamar Passarinho e prometeu para ela o mundo.
A jovem apaixonada é claro acreditou e a seu grande amor se entregou.
Mas, o safado do passarinho voou para longe e nunca mais voltou.
E nada daquele amor restou além de uma gravidez inesperada.
Quando o pai da morena ficou sabendo, mandou que ela seu filho tirasse.
Mas, Saudade não teve coragem de seu filho matar.
E resolveu fugir.
Numa noite chuvosa de tempestade, Saudade pegou seu cavalo chamado trovão e partiu em disparada rumo a cidade grande.
Mas, no caminho um raio perto dela caiu, o bicho se espantou e jogou Saudade contra uma pedra.
E assim se foi a Saudade.
A bela morena que a todos iluminava se transformou numa estrela e hoje brilha no céu toda a noite.
E hoje de saudade todos choram a Saudade, bela moça que apesar de sua bondade só conheceu a maldade.
Mas, que de presente se transformou em estrela e brilha por toda a eternidade.