Mãe, minha mãe...
...Ó minha pobre mãe!... Não te ergas mais da cova.
Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...
Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.
(Camilo Pessanha)
...Oh Mãe, posso sentir o chão caindo sobre minha cabeça
Veja, o mar quer me levar
A faca quer me cortar
Você acha que pode me ajudar?
(Morrissey)
Oh mãe,
eu estive andando por horas
através do passado,
pensando por entre espinhos
de nostálgicas imagens.
Oh mãe,
passando por inexoráveis vertigens
da menoridade,
girando no seu colo afável
eu via o sol veloz em espiral,
dissolver minhas forças
em risos... frágeis risos!
Enfraquecendo minhas pálpebras
em languidas lágrimas.
Oh mãe,
a folhagem dos meus dias já esvaeci
na fúria silenciosa da minha incredulidade,
sugando minha virilidade
p'ra âmbitos desconhecidos
rumo a imortalidade.
Ao despertar a alma
do sono da vida,
encontra a luz que no caminho
se ilumina?
Lúgubres caminhos da vida eterna!
Oh mãe, é alta a fria noite
e são tão raras as manhãs...
as manhãs mornas dos seus braços.
Mãe, ainda espero que me ressuscite
com seu beijo, seu sorriso... seu afago.
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