Mãe, minha mãe...

...Ó minha pobre mãe!... Não te ergas mais da cova.

Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...

Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.

(Camilo Pessanha)

...Oh Mãe, posso sentir o chão caindo sobre minha cabeça

Veja, o mar quer me levar

A faca quer me cortar

Você acha que pode me ajudar?

(Morrissey)

Oh mãe,

eu estive andando por horas

através do passado,

pensando por entre espinhos

de nostálgicas imagens.

Oh mãe,

passando por inexoráveis vertigens

da menoridade,

girando no seu colo afável

eu via o sol veloz em espiral,

dissolver minhas forças

em risos... frágeis risos!

Enfraquecendo minhas pálpebras

em languidas lágrimas.

Oh mãe,

a folhagem dos meus dias já esvaeci

na fúria silenciosa da minha incredulidade,

sugando minha virilidade

p'ra âmbitos desconhecidos

rumo a imortalidade.

Ao despertar a alma

do sono da vida,

encontra a luz que no caminho

se ilumina?

Lúgubres caminhos da vida eterna!

Oh mãe, é alta a fria noite

e são tão raras as manhãs...

as manhãs mornas dos seus braços.

Mãe, ainda espero que me ressuscite

com seu beijo, seu sorriso... seu afago.

tomb

Tomb
Enviado por Tomb em 20/02/2011
Código do texto: T2803862
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