SAUDADE ESPERTA
(Sócrates Di Lima)
Sinto uma saudade esperta,
Que chega sem hora certa,
Um sino de alerta,
Na alma deste poeta.
Uma saudade atlética,
Que puxa, encolhe e estica,
Tem uma dose poética,
Toma o coração e fica.
Saudade da " gota serena",
Saudade " porreta",
Nem um pouco amena,
Quando chega, chega de carreta.
Chega de montão,
Vai descarregando uma a uma,
Até encher o coração,
Não deixando vaga alguma.
É a saudade de Basilissa,
Saudade de Maria,
Saudade da Nêga que me enfeitiça,
Saudade de minha " véia" , doce poesia.
Sinto uma saudade esperta,
Saudade do amor intensamente gostoso,
Que me enlaça e me aperta,
Deixando-me manhoso.
É a saudade de todo dia,
Que chega logo de manhãzinha,
E ai, se estica como a alegria,
Como o vôo de uma avezinha.
Nosso amor eternizado,
Na canção e no desejo,
Na distância do bem amado,
A intrépida vontade do beijo.