Para o meu pai

.:.

Estou livre como um sopro amendoado!

A liberdade, tornado de mil vulcões,

fez de mim um tratador de infâncias...

Meu pulmão estourou de tanto sorriso.

E a partida do meu pai pareceu dormida.

Minhas pálpebras, que choraram tanto.

Agora, depois de derramarem mil prantos,

piscam por si mesmas, priscos encantos.

A dor, alguém sabe aonde ela foi?

Se é boa ou má: isso, garanto, eu não sei.

Mas me espantou, num silêncio colorido,

o encantamento tocado em pleno ardor.

Meus braços, leitos de abandonados rios,

esgalham meu frenético sorriso findo...

e o voo negro do anoitecer,

triste e pesaroso dentro de mim,

é peso garboso da tristeza do fim.

Se do assento etéreo de onde se encontra,

meu pai vela por todos ao lado do Pai,

aqui, sigo firme, segurando as pontas,

por entre fios da ventura e da saudade.

Nasci, cresci, aprendi, vi-o partir.

E chorei e sofri e velei e adormeci.

Deus! Ó deus! Quão angustiante é a espera.

Esta morada, onde mora minha enamorada,

é fria demais para meu corpo ardente...

fechado ao meu cerrado olhar está o caminho,

mas sinto da ausência o carinho

das carícias que meu pai me dava.

Nijair Araújo Pinto

Crato-CE, 16 de fevereiro de 2011

21h10min

.:.

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 17/02/2011
Código do texto: T2797163
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.