Cadê você?

Introdução.

Encarar, de perto, a morte de um ente querido, é uma das provas mais difíceis a que é submetido o ser humano. É o momento em que mais clara e indubitavelmente se tem a noção exata do quanto somos impotentes. É o atestado de nossa pequenez ante o inevitável. Difícil é sair sem traumas de um evento desses...

Hoje faz um ano, são tantos dias...

Eu ainda sinto as horas tão frias...

Você indo, inexoràvelmente,

E eu... desesperada, impotente!

A frase de amor, soprada em segredo

Alma escorrendo pelo vão dos dedos

Tal como areia... Quem vai segurar?

E você? Onde sua luz foi parar?

Ó Deus, por que somos tão limitados?

Tempo... desejos...pensar...são atados!

Um sopro tênue, tão frágil, fugaz...

Apagando-se... E eu? Incapaz!!!

Corações já não têm um só compasso...

Enquanto o primeiro vai passo a passo

O outro tenta detê-lo - em vão

Cabe esse amor em um só coração?

O peito contrai-se: que é aquilo?

Buscando expandir-se para segui-lo.

Acompanhar essa chama quem há de

Nas cegas brumas da eternidade?

Cruel solidão, de asas feridas...

Deita seu manto sobre duas vidas:

Uma que vai... rumo à eternidade.

A outra se esvai... na dor da saudade!