Naquela tarde de sábado e domingo
O sol ainda nem brilhou e é hora de se levantar
a noite ainda é escura e a lua a brilhar.
A rainha do lar se levanta primeiro
e o rei abre os olhos pensando em seu herdeiro.
Madrugada fria e o céu estrelado
todos se levantam para o dia esperado.
O cansaço afeta os olhos e corpo amolece
mas nada disso apaga a chama que no coração aquece.
Mais um dia de humilhação e dor
já viveram e vivem novamente o mais puro horror.
Detenção, presídio, a mercê do carrasco
o destino agora é CDP de Osasco.
Prepara a bagagem, arruma a comida
coloca aquela roupa, pois só ela é permitida.
O bocejo é constante e os olhos lacrimejam
mas não desistirão de um filho onde quer que estejam.
Pais que lutam e sempre lutarão
por seus filhos queridos estando certos ou não.
Buscando forças, animo e coragem pra seguir
nessa vida traiçoeira que quer os destruir.
Antes de sair fazer a oração
esperando que o Senhor prepare o coração.
Pois a dor e sofrimento vem para derrubar
esses pais sofridos que sonham em descansar.
O caminho é longo e o destino assustador
mas nada disso intimida ou enfraquece tanto amor.
A lua acima deles brilha e não apaga
pois ela é testemunha de que a luta é travada.
A noite passo e o dia clareou
tudo certo, tudo limpo, o jumbo todo entrou.
Mais ou menos 9:00 hrs o encontro acontece
o filho levanta a cabeça e a mãe se amolece.
o Pai tenta ser firme mas o coração o trai
vem o filho abraça mãe e agradece o pai.
A visita começo, muita coisa pra falar
os pais só querem ouvir e o filho escutar.
Olhando tudo a volta imaginam o sofrimento
que o filho tem passado por todo o momento.
As lembranças da infância e do tempo de criança
os três filhos correndo e brincando alegravam a vizinhança.
Olhos tristes e com lágrimas em volta
a mãe vê aquilo, pára o ar, cessa o tempo e logo se sufoca.
Numa tarde de sábado e algumas de domingo
nessas horas nada ajuda e o tempo é inimigo.
A tarde vai se acabando e a despedida vem chegando
mais um final de tarde e a familia se afastando.
A saudade dói no peito, a dor é real
o sofrimento é ardente e quase que letal.
para traz fica o filho entre as grades e correntes
fora delas o desespero das familias, amigos, parentes.
Cada visita, cada semana e cada mês que se passa
é como uma luta que o adversário nos despedaça.
Lutando sem as luvas, sem nenhuma proteção
pois tudo foi tirado quando o filho entrou em reclusão.
Dizem que o inferno é no fundo de um penhasco
acho que nunca chegaram a ir ao CDP de Osasco.
"Se um dia acreditei na liberdade, foi quando menti para mim mesmo"