Outonal

Caminhando vai pelos descaminhos

Respirando o ar mas sem suspirar

Almejando aquilo que não se alcança

Como o que se lança de um altar

Verdes outeiros que já secaram

Palavras ditas que não se ouviram

Significados outros que lhe falaram

Baladas lentas aos que já partiram

Sonhos e planos lançados ao vento

Desejos tantos, súbita partida

Doces saudades de um outro tempo

Em que amava a pessoa querida

Outono chega com o desencanto

Das folhas secas caídas ao chão

Não há sorrisos, presente o pranto

E a dor que fere seu coração.

Entretanto sabe que perdura a vida

Em dias lentos de morno viver

E pertinaz busca uma saída

É imprescindível um alvorecer.