Presença

Como pode um ser

tão pequeno

ocupar tanto espaço

no meu ser...

O que estes olhos grandes

em mim já puderam ver?

E o que de mim guardaram

sem dizer...

Sua presença

por vezes foi toda

a presença

com a qual pude contar...

Quantos segredos

os pequenos

ouvidos teus

já sepultaram...

E com quantas

lágrimas fiz chover

sobre ti

a minha dor...

E mesmo sem uma

palavra sequer dizer

sempre se fez

tão bem compreender...

Como pode ser

um ser

tão lindo

puro e sincero...

Em meio a esse

mundo de dureza

és a prova da contradição

de toda a minha fria certeza...

A falta

de afeto que dá

ao medo razão

não te reflete...

Que tua presença eterna

seja num olhar, num carinho

seja numa lembrança daquilo de belo

que, vivo, sempre levarei comigo, da infância...

NOTA ► Poema antigo, muito antigo [e, por isso mesmo, singelo], escrito [e, hoje, reescrito] para a gata mais doce desse mundo: Keit Mary, hoje velhinha e doente, que faz de minha vida mais feliz já há 17 anos!