Encontros
As águas doces se vão,
em sua minuciosidade
levam partes de mim
partes,
que não conhecem o todo,
que se desconhecem,
Partes insignificantes
partes que se revelam
logo se relevam,
Faz-se no céu
o alongar dos dias
como um pincel de luz,
que atravessa o infinito,
dimensões impenetráveis
que mal decifram-se,
E em solitária noite
Só a teus olhos lembro,
somente a eles me atenho
Era o universo,
o oceano íntimo
que me convidava
a navegar,
e minha mão buscava
o desconhecido
sem fala, nem rumor
Desconhecia-me
ao avançar em ruidosas
águas do pélago
Que era como
as sombras que em teu seio
não encobriam
frágeis medos,
Bem em mim,
o destino pulsava,
nefasto incômodo
horas delicioso alívio,
pra teus cabelos,
tocar,
tua pele
sentir,
emergir
E em dolente
madrugada,
pensava em minha
hodierna saga
de chegar aos confins
do mar
Seguindo as pegadas
dos anjos
entre as estrelas,
sem me perder
sem me indagar,
E as respostas que preciso,
miraculosas, teus lábios
guardam,
quando levanto os olhos,
vem eles ao meu encontro
sorriem,
instigam,
afagam,
conhecem a receita
do meu doce apetite!