:::Eterno Inverno:::
:::Em memória: Marcos:::
A chuva caindo lá fora sem cessar
Meus olhos, chovendo lágrimas
Mais do que lágrimas, recordações
São como temporais, avassaladores
Afogo-me nesse perene pranto
Dói tanto, e tanto, que parece
Que já nem estou aqui...
A chuva goteja no telhado, sinfónica
Breve de um adeus, que dói, e somente
As lembranças ficam, de estações que
Não existem mais como antigamente...
O verão que desmancha em minhas mãos
Não é o mesmo de brincadeiras n’água...
A primavera de apraziveis flores delinenando
Cores ao preto e branco do mundo, meu mundo
Que já não é seu, e o seu? Unicolor. Azul. Será?
Não sei, se nem mesmo o arco-íris me apareceu
No tempo em que o céu se escureceu e o sol
Esqueceu de acordar...
Ainda me lembro da lua sorrindo, revelando
A triste notícia da noite, e porque sorria?
Porque já sabia, que sem ti, não teria luar
E as estrelas te esperavam, e o sol se recolheu
Para te deixar brilhar no topo da imensidão...
Os outonos de outrora, são lembranças
São folhas queimadas no chão dos pensamentos
Que de um sopro á outro se esvaiem como
Os dias de galhos secos e voltam como
Árvores floridas de pensamentos alegres
De um sorriso tão jovem...
A dor se ameniza com o tempo,
As estações mudam e com ela os pensamentos
Foi inverno, frio, chuva, palidez
O frio de um adeus tão breve, e o sempre?
“Sempre estarei aqui, independente dos fatos”
É fato que está, no coração dos que ficaram
Mais o sempre deveria ser sempre mesmo,
Nos deveriam falar que o ‘sempre’ não continua
Aqui, o sempre permanece na eternidade...
As estações levam aqueles que amamos
E nos deixam apenas lembranças e lágrimas
Que chovem em nosso peito, como tempestades
E gritam, trovejando bem no fundo...
Encharcam os sentimentos, faz tudo parecer
Tão intenso, a ponto de nos fazer chorar do nada
Ao recordar...
O coração esquenta aos poucos, com o tempo
Mas é só chover, que o inverno acontece
Dentro de mim...
O eterno inverno que dexaste aqui ao partir...