Rua.
Por entre as ruas haverá sempre “aquela”...
Em seu pavimento sobram histórias,
Como os passos decadentes de um antigo amante,
Que entre amores e saudade, resta um bêbado,
Cabisbaixo e compulsivo...
Quem dirá que sobre ele um rei passou,
E a majestade no meio fio reinou,
Pedaços de um passado magnífico,
A vida que se despede em pranto,
E quem não fica, vai, e quem devolve, perde,
Haverá tanta justiça na chuva que te leva embora da sujeira,
E quem não estiver pronto para lagrimas, respira fundo e da as costas...
O doce sabor de saudade, e é tão difícil recordar,
E o que foi concreto hoje é entulho,
Há cimento sobre o coração desenhado a giz,
Há buracos em cada canto,
O peso crava buracos em seu asfalto...
Vez por outra alguém resolve tropeçar em seu destino,
E passa com seu carro sobre o coração,
Mas não estaciona...
E quem dirá que por debaixo do cimento há uma história?
E quem sabe o nome de quem deixou seu coração?
Nobre amante que descalço passa sobre o afeto,
Como se seus pés ultrapassassem o cimento,
Na tentativa de capturar o resto de amor que aquele coração oferece.