Na Via Expressa
Vejo o horizonte largo de minha janela estreita
Adivinho as estrelas atrás do azul febril que o sol impõe
– estrela mais próxima, nem por isso a mais bela –
preciso seu olhar entre os rostos apressados
na via expressa
não brilham as foscas íris de toda a gente comum
como cintila o feto de lágrima pendente do canto do olho
que ainda busco freneticamente nos encaveirados vultos
da via expressa
Pés de toda a sorte esparramam lama
emporcalham as barras das saias
filtram a água que regressa aos céus
e choverá noutros campos
ora verdes
ora enegrecidos
negros como o carvão
da pupila que insisto em procurar
na via expressa.