Choro a saudade sua
Ontem eu olhei pela janela
Lá fora a chuva caia, pessoas correndo
Em alguns momentos vidraças tremiam
Era os raios, a chuva, o vento
Em meu quarto, molhando o piso
Não eram goteiras, mas lágrimas perdidas
Não eram restos de chuva, mas de um’alma abatida
E em soluços, sepultado no peito um amor
Faz tantos anos que nos rompemos
Mas ainda sinto como se estivésseis do outro lado da rua
E sob um abrigo, quando a chuva cessar, vai bater em minha porta
Porque para o amor não importa
Sempre depois da chuva, o sol
E sempre depois do outono e inverno o verão
Eu estou vendo a vida passar e pela janela vejo a rua
Fico vendo a chuva molhar
Mas choro a saudade sua
Eu olho a vidraça que embaça
Assim como embaraça o coração
Escuto o barulho das águas
E o silêncio do coração
Eu ouço o grito da mãe que grita o filho
Ouço o grito da mulher que grita por seu amor
Ouço tudo e nesse rito,
Eu não te ouço, meu amor
E isso me desespera
Tua ausência me consome
De te amar acho que morro
Se eu morro, não morre um homem
Se eu morro, morre um poeta
Em cujo peito adormece uma flor
A pétala mais bela da rosa
O ritmo, o poema, a prosa
E o espinho, a saudade , amor
Se eu morro, morre uma vida
Cujos sonhos e tais ideais
Foram terminar nossos anos de vida
Um no outro
Enxertados, em paz
Se morro, morre a doçura
Não a doçura que o mundo conhece
Mas comigo se escoa a doçura,
Teu rosto que minh’alma não esquece