És meu tudo                
 
Quem és tu que me cegas em dia claro e me consomes quando a noite vem?
Quem és tu que me intranquiliza enquanto não me tocas, enquanto não me roças...
E que, quando me roças, tocas minh’alma perdida e submissa a ti?
A abstinência de ti me maltrata; - me induz a rumos que desconheço.
Sem resumo, sem história, avilto-me na memória um imensurável desejo; - fraquejo!
Esquálida, sucumbo à dor de não ter-te!
Turvo meu olhar incinerado de paixão quando se vais.
Sou refém do teu corpo; - ele é minha prisão,
Quando me contorço a procurar-te em desespero.
Sou nada! Sou chão se, não me vens ao menos no pensamento.
Recrio momentos, abandono-me inteira e sem eira nem beira faço-me escrava de ti.
Quem és tu que participas que não voltas mais para mim deixando-me assim,
numa atitude derrotista de tristeza sem fim.
Teu sorriso sarcástico me divide em pedaços; - cacos... Migalhas,
terços de uma medida acondicionada a pensamentos menores...
Sentimentos sequelados, anestesia velada e a dor que não passa.
Colocas-me numa caixa pequena, presa ao chão, insólita, sem plumo.
Reinvente uma querência por mim, toca-me devagar me sentindo,
sinta meu cheiro suave, o gosto de minha língua devassa... _ Toca-me!
Quem sabe assim, não deixes de me olhar só por olhar e crie vínculos.
Revire minh’alma do avesso, descubra-me amada em um olhar mais profundo;
- És meu tudo!
Tu irás constatar que, sempre fui o sonho que nunca te permitistes “Sonhar”!
 
Edna Fialho
 
 
edna fialho
Enviado por edna fialho em 20/11/2010
Reeditado em 03/08/2012
Código do texto: T2626508
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