Do nada
É sempre assim
Numa tarde do nada
Que tudo vira madrugada
É por nada que o tudo me acontece
Vejo uma imagem de longe ao vento
Perto de um barulho marcado pelo tempo
Enquanto o encontro no meu canto
Sinto vozes que estavam por perto
Abrandando o meu peito inquieto
E por um tempo àquelas horas
Desviam um olhar trancado e mudo
E revira meu mundo
Deslizando-se num único
Que vira para o corpo quente que me abraça
E vira o toque que me embala
Vira receio de abrir os olhos
E perceber aquela luz partindo...
Vira o mero medo de não vê-lo vindo
Vira o macio dos lábios que toco
Revira mais que tudo, o que amo
Vira amor, amado, amando
E quando tudo virado, eu avesso
As pálpebras se abrem
E tudo vira saudade